sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Resposta ao Tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei
Um dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração é o tempo
Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei
E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro sozinhos
Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer
No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer
Composição: Cristovão Bastos e Aldir Blanc
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Depois de Tanto Amor
Não procurar
Um novo amor
Até saber
Se o coração
Já se refez
É será melhor
Viver em paz
Eu amei estando só
Portanto a solidão
Não é demais
Se algum dia eu encontrar
Um novo amor
Hei de ter amor pra dar
Amor e paz
Por isso eu vou
Guardar meu peito
Até quando por direito
Este amor chegar
Composição: Paulinho da Viola
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
“Dão-me alguma esperança os teóricos da complexidade, da incerteza e do caos (Prigogine, Heisenberg, Morin), que dizem: em toda a realidade funciona a seguinte dinâmica – a desordem leva à auto-organização e a uma nova ordem, e assim à continuidade da vida num nível mais alto. Porque amamos as estrelas, não temos medo da escuridão.”
domingo, 28 de novembro de 2010
Outro tipo de mulher nua
E o namorado apóia, o pai fica orgulhoso, a mãe acha um acontecimento, as amigas invejam, então pudor pra quê? Não sei se os homens estão radiantes com esta multiplicação de peitos e bundas. Infelizes não devem estar, mas duvido que algo que se tornou tão banal ainda enfeitice os que têm mais de 14 anos.
Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade… Emocionalmente. Nudez pode ter um significado diferente e muito mais intenso. É assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história.
É erótico uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente. Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades, sem esconder seus pequenos defeitos.
Aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana. Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em que sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.
Pouco tempo atrás, posar nua ainda era uma excentricidade das artistas, lembro que se esperava com ansiedade a revista que traria um ensaio de Dina Sfat, por exemplo – pra citar uma mulher que sempre teve mais o que mostrar além do próprio corpo.
Mas agora não há mais charme nem suspense, estamos na era das mulheres coisificadas, que posam nuas porque consideram um degrau na carreira. Até é. Na maioria das vezes, rumo à decadência. Escadas servem para descer também.
Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal, mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior.
Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro. Não conheço strip-tease mais sedutor.
Martha Medeiros
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Boa noite, bom dia
Coração doendo
Garganta apertada
Noite insone
Cara amassada
Corpo marcado
Dia cinzento...
terça-feira, 16 de novembro de 2010
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão
http://www.youtube.com/watch?v=4PbeDU0ikGg&playnext=1&list=PLBA0592CE748C1F5F&index=2
Samba da Benção - Vinícius de Moraes/Baden Powell
domingo, 7 de novembro de 2010
Somente
Lembranças de outros momentos, apenas existências.
Nas fotos? Rostos amados, alegres, mas apenas poses.
Nas esculturas? Brancos, negros, enamorados, cores, indefinidas formas...
No final? Uma taça de vinho.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
CARTAS A THÉO (trecho)
"Escrevo-lhe um pouco ao acaso o que me vem à pena, ficaria muito contente se de alguma maneira você pudesse ver em mim mais que um vagabundo.
Acaso haverá vagabundos e vagabundos que sejam diferentes? Há quem seja vagabundo por preguiça e fraqueza de caráter, pela indignidade de sua própria natureza: você pode, se achar justo, me tomar por um destes.
Além deste, há um outro vagabundo, o vagabundo que é bom apesar de si, que intimamente é atormentado por um grande desejo de ação, que nada faz porque está impossibilitado de fazê-lo, porque está como que preso por alguma coisa, porque não tem o que lhe é necessário para ser produtivo, porque a fatalidade das circunstâncias o reduz a este ponto, um vagabundo assim nem sempre sabe por si próprio o que poderia fazer, mas por instinto, sente: “No entanto, eu sirvo para algo, sinto em mim uma razão de ser, sei que poderia ser um homem completamente diferente. No que é que eu poderia ser útil, para o que poderia eu servir; existe algo dentro de mim, o que será então?”.
Este é um vagabundo completamente diferente; você pode, se achar justo, tomar-me por um destes.
Um pássaro na gaiola durante a primavera sabe muito bem que existe algo em que ele pode ser bom, sente muito bem que há algo a fazer, mas não pode fazê-lo. O que será? Ele não se lembra muito bem. Tem então vagas lembranças e diz para si mesmo: “Os outros fazem seus ninhos, têm seus filhotes e criam a ninhada”, e então bate com a cabeça nas grades da gaiola. E a gaiola continua ali, e o pássaro fica louco de dor.
“Vejam que vagabundo”, diz um outro pássaro que passa, “esse aí é um tipo de aposentado”. No entanto, o prisioneiro vive, e não morre, nada exteriormente revela o que se passa em seu íntimo, ele está bem, está mais ou menos feliz sob os raios de sol. Mas vem a época da migração. Acesso de melancolia – “mas” dizem as crianças que o criam na gaiola, “afinal ele tem tudo o que precisa”. E ele olha lá fora o céu cheio, carregado de tempestade, e sente em si a revolta contra a fatalidade. “Estou preso, estou preso e não me falta nada, imbecis! Tenho tudo que preciso. Ah! Por bondade, liberdade! ser um pássaro como os outros.”
Aquele homem vagabundo assemelha-se a este pássaro vagabundo…
E os homens ficam freqüentemente impossibilitados de fazer algo, prisioneiros de não sei que prisão horrível, horrível, muito horrível.
Há também, eu sei, a libertação, a libertação tardia. Uma reputação arruinada com ou sem razão, a penúria, a fatalidade das circunstâncias, o infortúnio, fazem prisioneiros.
Nem sempre sabemos dizer o que é que nos encerra, o que é que nos cerca, o que é que parece nos enterrar, mas no entanto sentimos não sei que barras, que grades, que muros.
Será tudo isto imaginação, fantasia? Não creio; e então nos perguntamos: meu Deus, será por muito tempo, será para sempre, será para a eternidade?
Você sabe o que faz desaparecer a prisão. É toda afeição profunda, séria. Ser amigos, ser irmãos, amar isto abre a porta da prisão por poder soberano, como um encanto muito poderoso. Mas aquele que não tem isto permanece na morte.
Mas onde renasce a simpatia, renasce a vida."
CARTAS A THÉO, Van Gogh – Tradução de Pierre Ruprecht – L&PM
domingo, 10 de outubro de 2010
Eu vi...
Você me tirou pra dançar
Sem nunca sair do lugar
Sem botar os pés no chão
Sem música pra acompanhar
Cupido
Maria Rita
Composição: Cláudio Lins
sábado, 24 de julho de 2010
No ar...
Bem me quer, mal me quer
A escolha de lançar a versão cinematográfica de O Bem-Amado, texto consagrado de Dias Gomes, no eleitoral ano de 2010 não foi proposital, mas o diretor Guel Arraes não diminui a importância de retomar as falcatruas de Odorico Paraguaçu meses antes do pleito. Desta vez, o protagonista Interpretado por Marco Nanini), além de sofrer para inaugurar o cemitério de Sucupira, tem de enfrentar a oposição, encabeçada por Wladymir, dono do jornal A Trombeta (vivido por Tonico Pereira). Arraes, que fez o primeiro teste coma obra remontando-a no teatro em 2008, optou por atualizar seu contexto histórico-politico.
terça-feira, 20 de julho de 2010
Vejam que legal...
sábado, 10 de julho de 2010
Evolução das Espécies
O artista italiano Blu fez este vídeo impressionante que retrata a evolução da vida na Terra. Em seu blog ele conta que foram meses de trabalho com ajuda de amigos, além de muitos baldes de tinta. Trata-se de uma animação de fotos de suas pinturas feitas em muros e outros 'equipamentos urbanos'. Não dá para descrever, só vendo. Em homenagem a 2010, Ano Internacional da Biodiversidade, o trabalho único de Blu.
http://www.youtube.com/watch?v=sMoKcsN8wM8
Fonte: http://www.oeco.com.br/2010-ano-biodiversidade
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Neruda
"... Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida..."
Assim é o medo que nos cega, que cerra as cortinas que teimamos em manter diante dos olhos.
Toi et moi
Toi et moi
Deux cœurs qui se confondent
Au seuil de l'infini
Loin du reste du monde
Haletants et soumis
A bord du lit
Qui tangue et va
Sous toi et moi
Toi et moi
Libérés des mensonges
Et sevrés des tabous
Quand la nuit se prolonge
Entre râles et remous
Nos songes fous
Inventent un nous
Entre chien et loup dans nos rê ves déserts
L'amour a su combler les silences
Et nous, ses enfants nus, vierges de nos hiers,
Devenons toi et moi, lavés de nos enfers
Porte-moi
Au delà des angoisses
A l'appel du désir
Du cœur de nos fantasmes
Aux confins du plaisir
Que Dieu créa
Pour toi et moi
J'étais sans espoir, tu as changé mon sort
Offrant à ma vie une autre chance
Les mots ne sont que mots, les tiens vibraient si fort
Qu'en parlant à ma peau ils éveillaient mon corps
Aime-moi
Fais-moi l'amour encore
Encore et parle-moi
Pour que jusqu'aux aurores
Aux sources de nos joies
Mes jours se noient
Dans toi et moi.
Tradução
Você e Eu
Você e eu
Dois corações que se confundem
Para o despertar da infinidade
Longe do resto do mundo
Extenuado e submisso
A bordo da cama
Que lança e vai
Sob você e eu
Você e eu
Livre de mentiras
E privados de tabus
Quando a noite se prolonga
Entre cercos e movimentos
Nossos sonhos loucos
Nos inventam
Entre cão e lobo nos nossos sonhos desertos (solitários)
O amor soube preencher os silêncios
E nós, nossas crianças nuas, virgens de nosso passado,
Tornam-se você e eu,
Lavados de nossos infernos,
Me leve
De nossas angústias
Ao chamado do desejo
Do coração de nossos fantasmas
Para os confins do prazer
Que Deus criou
Para você e eu
Eu estava sem esperança, você mudou meu destino
Oferecendo para minha vida outra sorte
Palavras são só palavras, elas vibraram tão forte
Que enquanto falamos
Minha pele e elas despertam todo o meu corpo
Ama-me
Me ame novamente,
Outra vez, e me diga
De modo que as auroras
Para fonte de nossas alegrias
Meus dias se afogam
Em você e eu
Charles Aznavour (Paroles: Charles Aznavour. Musique: Jacques Revaux, Jean Pierre Bourtayre 1994)
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Aparências e Realidades
"Todo o fenómeno tem, relativamente ao nosso entendimento e à sua potência de descriminar, uma realidade - quero dizer certos caracteres, ou (para me exprimir por uma imagem, como recomenda Buffon) certos contornos que o limitam, o definem, lhe dão feição própria no esparso e universal conjunto, e constituem o seu exacto, real e único modo de ser. Somente o erro, a ignorância, os preconceitos, a tradição, a rotina e sobretudo a ilusão, formam em torno de cada fenómeno uma névoa que esbate e deforma os seus contornos, e impede que a visão intelectual o divida no seu exacto, real, e único modo de ser. É justamente o que sucede aos monumentos de Londres mergulhados no nevoeiro... (...) Nas manhãs de nevoeiro numa rua de Londres, há dificuldade em distinguir se a sombra densa que ao longe se empasta é a estátua de um herói ou o fragmento de um tapume. Uma pardacenta ilusão submerge toda a cidade - e com espanto se encontra numa taverna, quem julgara penetrar num templo. Ora para a maioria dos espíritos uma névoa igual flutua sobre as realidades da Vida e do Mundo. Daí vem que quase todos os seus passos são transvios, quase todos os seus juízos são enganos; e estes constantemente estão trocando o templo e a taverna. Raras são as visões intelectuais bastante agudas e poderosas para romper através da neblina e surpreender as linhas exactas, o verdadeiro contorno da realidade."
Eça de Queirós, in 'A Correspondência de Fradique Mendes'
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Papo de Vitral
Entre umas e outras...
Sentadas e descontraídas conversamos sobre tudo (ou quase tudo). Cada uma tem sua história, sua experiência, propriedades de vivências extremamente delicadas. Sonhos, sentimentos, arrependimentos (?), dúvidas e toda uma gama de afetos. Assim somos nós mulheres. Copos na mesa, sorriso nos lábios, sinceridade nas palavras, tesão no corpo, amor no coração...
Às minhas grandes amigas, um beijo enorme de grande e um chamego no cangote.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Apenas um ensaio...
Enquanto você dorme...
Queria fazer uma canção de ninar tão linda como ‘Acalanto’ do Caymmi, a melodia poderia ser bem parecida só pra te ver adormecer.
Seus cabelos macios, sua testa linda e seu rosto receberiam a ponta dos meus dedos como as asas de uma borboleta. Seu sorriso aos poucos iria se apagando, dando lugar a serenidade.
Então, seus olhos começariam a pesar e minhas carícias iriam desaparecendo na inconsciência do seu sono.
A respiração leve, um silêncio gostoso.
Que tal um sonho para acompanhar esse cochilo? Um sonho onde vc pudesse escolher as cores, os sons, os cheiros (eu já percebi o cheiro de rosas brancas num dos meus sonhos) e até mesmo os sabores. Poderia voar ou simplesmente ficar quietinha sentindo o abandono do momento.
Aconchegada e mergulhada nesse silêncio, vez ou outra minhas mãos acariciariam suas costas, a respiração leve lamberia meus cabelos. Meu corpo abrigaria o seu. A tarde iria embora...
terça-feira, 22 de junho de 2010
Viagem
Oh! tristeza me desculpe
Estou de malas prontas
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro
Já raiou o dia
Vamos viajar.
Vamos indo de carona
Na garupa leve
Do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito longe
Lá do fim do mar.
Vamos visitar a estrela
Da manhã raiada
Que pensei perdida,
Pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar.
Senta nessa nuvem clara,
Minha poesia,
Anda se prepara,
Traz uma cantiga
Vamos espalhando
Música no ar.
Olha quantas aves brancas,
Minha poesia
Dançam nossa valsa,
Pelo céu que o dia
Faz todo bordado
De raio de sol.
Oh! Poesia me ajude,
Vou colher avencas
Lírios, rosas, dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza
De jardins do céu.
Mas pode ficar tranqüila,
Minha poesia,
Pois nós voltaremos
Numa estrela guia
Num clarão de lua
Quando serenar.
Ou talvez até quem sabe,
Nós só voltaremos
No cavalo baio
No alazão da noite
Cujo o nome é raio,
Raio de luar.
Composição: João de Aquino / Paulo César Pinheiro
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Barbárie e humanização
“... se antes de cada acto nosso, nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar.”
Ensaio sobre a cegueiraPrémio Nobel da Literatura 1998
José Saramago – 1922-2010
Quanta responsabilidade: parar, fechar os olhos, lançar mão da escuridão, ver, resgatar o afeto, recuperar a lucidez e enxergar nossa essência.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Monólogo de Segismundo – por Dan Stulbach – Filme “Tempos de Paz”
Ai de mim! Ai pobre de mim!
Que pergunto a Deus para entender.
Que crime cometi contra Vós?
Pois se nasci, entendo já o crime que cometi.
Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor.
Pois o crime maior do homem é ter nascido!
Para maiores cuidados, só queria saber que crimes cometi contra Vós, além do crime de nascer.
Não nasceram outros também?
Pois se outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei?
Nasce uma ave, e é embelezada por seus ricos enfeites.
Não passa de flor de plumas, ramalhete alado, quando veloz cortando os salões aéreos recusa piedade ao ninho que abandona em paz.
E eu, tendo mais instinto, tenho menos liberdade?
Nasce uma fera, com uma pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas. Logo, atrevida, feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade!
Monstro de seu labirinto!
E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade?
Nasce um peixe, aborto de ovas e lodo, enfeita um barco de escamas sobre as ondas.
Ele gira, gira, por toda a parte, exibindo a imensa liberdade que lhe dá um coração frio!
E eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade?
Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente, de repente. Entre flores ele se esconde, e como músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto á sua fuga!
E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade?
Assim, assim, chegando a esta paixão um vulcão, qual Etna, quisera arrancar do peito pedaços do coração!
Que lei, justiça ou razão pode recusar aos homens privilégios tão suaves e sensação tão única!
Que Deus deu a um cristão, a um peixe, a uma fera, a uma ave?
(La vida es sueño, ato I, cena I – Pedro Calderón de la Barca – 1600-1681)
sábado, 12 de junho de 2010
E, assim, no teu corpo eu fui chuva
... jeito bom de se encontrar!
E, assim, no teu gosto eu fui chuva
.... jeito bom de se deixar viver!
Nada do que fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra tua boca
E, mesmo que eu me perca,
Nunca mais serei aquela que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela
(Trechos da música 'Quando fui chuva' - Maria Gadu - letra: Luis Kiari e Caio Soh)
http://www.youtube.com/watch?v=g54d8kDLETU
terça-feira, 8 de junho de 2010
Melineando...
Definições para CÚMPLICE
Dicionário Michaelis
- Que, ou aquele que tomou parte num delito ou crime cometido por outrem; que, ou aquele que colabora ou toma parte com outrem nalgum fato; que, ou aquele que participa de um ato.
iDicionário Aulete
- Que contribui para a realização de um ato ilegal ou criminoso; que participa, ao lado de outrem, da realização de algo; parceiro; sócio; que denota cumplicidade; aquilo que favorece a ocorrência ou realização de alguma coisa
Dicionário do Aurélio
- Que ou quem participa do delito, do crime de outro; que ajuda, favorece; comparsa.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
- Que ou pessoa que tomou parte moral ou material em crime ou delito de outrem; conivente.
Dicionário InFormal
- É quando alguém faz uma cagada e você ajuda. Você é o cúmplice de quem teve a idéia da tal cagada.
Infopédia
- que facilita a realização de algo; que ajuda ou colabora; comparsa; que favorece outro; que demonstra um entendimento secreto entre duas ou várias pessoas; que colabora com outra(s) na realização de alguma coisa; parceiro.
Continua...
Clarissa Pinkola Estes – Mulheres que correm com os lobos
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Um resgate da cons(ciência)
Como no “Quem sou eu” suponho estar à procura de um calendário arbitrário, achei interessante explicar do que se trata. Obviamente busquei mais informações em âmbito geral baseando-me em pesquisas no Google. A fonte principal é a Wikipédia. Afinal, não se trata de uma pesquisa profundamente científica e sim um acréscimo de saber. Então vamos lá...
O Calendário é um sistema para contagem e agrupamento de dias que visa atender, principalmente, às necessidades civis e religiosas de uma cultura. A palavra deriva do latim calendarium ou livro de registro, que por sua vez derivou de calendae, que indicava o primeiro dia de um mês romano. As unidades principais de agrupamento são o mês e o ano.
Classificações:
Os calendários mais usuais na Terra são os lunares, solares, luni-solares e arbitrários.
Veja como é interessante:
O calendário lunar é sicronizado de acordo com o movimento da Lua. Um exemplo seria o calendário religioso islâmico, visto que é baseado na observação, ou seja, pragmático.
O calendário solar é sincronizado com o movimento do Sol. Um exemplo é o calendário persa, onde os meses eram computados com base nos movimentos solares através do zodíaco.
O calendário luni-solar é sincronizado com ambos os movimentos (do Sol e da Lua). Um exemplo é o calendário hebráico. Nos tempos bíblicos era baseado nos ciclos da Lua para a determinação das datas dos serviços religiosos e festividades judaicas, bem como outros eventos da comunidade. Porém, o método atual entre os judeus rabínicos é um calendário fixo criado de acordo com a necessidade de um calendário permanente para comunidades que vivessem fora do Estado de Israel. Definiu-se então, um calendário com base lunar, que ajusta-se pelo calendário solar (ao passo que o Calendário antigo ajustava-se de acordo com a época da colheita) para a inclusão de um novo mês, além de determinar o início do ano no mês de Tishrei (sétimo dos doze meses do calendário judaico).
O calendário arbitrário não é sincronizado nem com o Sol nem com a Lua. Um exemplo disso é o calendário juliano usado por astrônomos. Há alguns calendários que parecem ser sincronizados com o movimento de Vênus, como o calendário egípcio; a sincronização com Vênus parece ocorrer principalmente em civilizações próximas ao equador.
Para mim um calendário deve ser um instrumento medidor que de uma forma ou outra nos coloque (planetariamente falando) numa relação de harmonia com o sol, a lua e talvez até as estrelas na galáxia. Somos programados a viver dessa forma, contando os dias. Mas serão todos os calendários assim, nada mais que um programa arbitrário para tomar conta de nossas vidas?
Como você pôde perceber meus “estudos” não prevêem nada inovador. Quero apenas ser útil, no dia-a-dia, àquele que por ventura der uma passadinha e tiver paciência e curiosidade para ler estas poucas linhas.
Atenção! Não comercializarei em hipótese alguma o assunto aqui exposto... rsrsrs Quero simplesmente registrar momentos de descontração, pois neste espaço há apenas sutilezas. Se sua busca requer outra coisa de um calendário, vá à borracharia mais próxima. Não espere encontrar nada a mais aqui...
Um grande beijo!
terça-feira, 1 de junho de 2010
Mais um pouquinho de Eça
"Lentamente, essa necessidade de encher a imaginação desses lances de amor, de dramas infelizes, apoderou-se dela. Foi durante meses um devorar constante de romances. Ia-se assim criando no seu espírito um mundo artificial e idealizado. A realidade tornava-se-lhe odiosa, sobretudo sob aquele aspecto da sua casa, onde encontrava sempre agarrado às saias um ser enfermo. Vieram as primeiras revoltas. Tornou-se impaciente e áspera. Não suportava ser arrancada aos episódios sentimentais do seu livro, para ir ajudar a voltar o marido e sentir-lhe o hálito mau. Veio-lhe o nojo das garrafadas, dos emplastros, das feridas dos pequenos a lavar. Começou a ler versos. Passava horas só, num mutismo, à janela, tendo sob o seu olhar de virgem loura toda a rebelião duma apaixonada. Acreditava nos amantes que escalam os balcões, entre o canto dos rouxinóis: e queria ser amada assim, possuída num mistério de noite romântica..."
(No Moinho)
Leia na íntegra: http://pt.wikisource.org/wiki/No_moinho
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Quando vivemos em suspense
A relação é mesmo vivida no tom dos parques de diversões – muita adrenalina, risco de morte iminente, quedas vertiginosas e subidas alucinantes e avassaladoras! Difícil abrir mão? Sim, é praticamente impossível deixar para lá, somos arrastados pelo furacão.
LUTO
Esse tipo de relação acontece, nos trata e maltrata. Em longo prazo, vicia e nos faz reféns do que co-criamos. O que acontece a curto, às vezes curtíssimo prazo, termina! A relação acaba e deixa um estrago imenso no coração, na alma, na vida. E, de repente nos vemos lá – vivendo o luto daqueles que perdemos.
O que me chama mais atenção nesse caso é o desequilíbrio. É verdade que toda relação, quando acaba, nos entristece. Demanda um período de readaptação. Pede mesmo o luto – para que possamos reavaliar tudo o que vivemos e, nesse meio tempo, nos preparar para o que esta por vir. Quem sabe, nos preparar para um futuro amor.
O desequilíbrio vem no tempo da relação versus o tempo do luto. Imagine uma relação de 10, 20, 30 anos que se rompe. As marcas, a dor, o sofrimento são imensos. Esta semana mesmo, conversando com um amigo – casado há 30 anos –, ele afirmava: “Se minha mulher me deixar morro. Não sei o que seria a vida sem ela”.
Uma união estável e de tampo tempo une amizade, cumplicidade, amor, vida, construção, evolução, desenvolvimento, inspiração. A perda de um parceiro de tanto tempo abate, deprime, enlouquece e demora meses – talvez anos – para ser totalmente absorvida.
MUITO BARULHO
No entanto, quando uma relação de 1, 2, 3 meses ou até mesmo outras relações que duram semanas é rompida, o estardalhaço que faz é às vezes maior do que poderia. Maior do que deveria ser… Então – como diz um amigo – perdemos o rumo.
Queremos a qualquer custo manter a relação – pedimos a Deus para nos deixar ficar com aquele outro, que já decidiu: não quer mais. Então insistimos, nos humilhamos, controlamos, atormentamos. Em algumas situações conseguimos ganhar e, então, a um custo altíssimo, estendemos nosso sofrimento e do outro por mais alguns dias…
SOLTAR
Quando temos de manter uma relação a qualquer custo, não funciona. O outro se sente pressionado, nós nos sentimos menos, criamos um círculo de ressentimento e agressividade que não acrescenta nada.
Há solução? Quero crer que uma única: quando o outro quer ir, deixá-lo ir.
E mais: ser forte para aceitar e confiar que, sim, será melhor para ambos. O luto da perda não pode ser eterno, não deveria ser desproporcional ao tempo da relação. Não deveria ser uma justificativa para nos fechar e nunca mais nos relacionar.
Um amigo há pouco me contou uma história desse tipo: uma de suas amigas havia vivido um único relacionamento que durou menos de um mês. Eles romperam. O rapaz está bem, vive a vida, teve inúmeros outros relacionamentos… Ela se fechou para a vida, para o amor, para qualquer oportunidade de relacionamento. Vive em luto até hoje – e já se passaram anos.Ainda chora quando escuta a música que ouviam, fica depressiva toda vez que tem notícias dele – com outras –, imagina que a vida era vida quando “se amavam”, não se cuida – ao contrário se descuida para de alguma forma chamar mais atenção e, sabotando a si própria, inviabilizar qualquer outra nova relação.
OITO OU OITENTA
Parece familiar ? Já viveu ou conhece pessoas assim? Pois é, algumas têm a força para abrir mão disso tudo, buscar ajuda, crescer, evoluir… Outras entram em tantas relações quanto for necessário para fazer valer sua fantasia, isto é, escolhem sempre o que não vai dar certo, fazem sempre tudo igual e acreditam que o resultado poderá ser diferente.
Algumas ainda fazem o pior – se enclausuram, deixam a vida passar e, pensam de algum modo punir ao outro quando de fato estão se punindo… Enfim, sair do buraco, acordar, despertar para a vida demanda saber quem somos, onde estamos, para onde vamos.
Até Alice no País das Maravilhas ensina isso – acordar é possível e, podemos escolher deixar um sonho ruim e escolher um sonho bom toda vez que quisermos! Escolhas, sempre escolhas.
(texto da colunista Sandra Maia)
Manter os pés no chão, plantados como raízes centenárias, pode ser um recurso para a alma...
terça-feira, 11 de maio de 2010
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais.
Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: "Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar
Experimente ser amado...
Luís Fernando Veríssimo
Dar também implica em ser capaz de receber. Sentir não é necessariamente uma atividade consciente.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Quando se deseja...
quinta-feira, 29 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
Uma certeza...
... quem opta por ficar na zona de conforto, sem enfrentar desafios, acaba jogado de um lado para o outro, como num barco a deriva, sem tomar as rédeas da própria vida.
(...)
Grande erro na visão de Platão: esperarmos uma crise para enfim descobrirmos o que é importante em nossas vidas...
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Ampliando o valor da frase...
"Mas já que se há de escrever, que pelo menos não se esmague com palavras as entrelinhas"
Clarice Lispector
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Em vias de dieta na Páscoa...
Que nessa época todos os coelhos apontem suas orelhas na direção oposta aos chocolates...
segunda-feira, 22 de março de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Novamente Pessoa
"O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida."
Fernando Pessoa
"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso. "
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Quando eu crescer
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
"E, por último, mas na verdade é o mais importante, quando você se apaixona loucamente, nos primeiros momentos da paixão, está tão cheio de vida que a morte não existe. Amando você é eterno. Da mesma maneira, quando está escrevendo um romance, nos momentos de graça da criação do livro sente-se tão impregnado da vida dessas criaturas imaginárias que, para você, não existe o tempo, nem a decadência, nem a sua própria mortalidade. Você também é eterno ao inventar histórias. A gente sempre escreve contra a morte."
A Louca da Casa - Rosa Montero
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Invenções Divinas e Invenções do Diabo
A expressão "invenção do diabo" faz presumir que o diabo vive a criar coisas para atormentar-nos, pobres mortais
O século XX passou rápido demais. Tão rápido que nem nos demos conta de quão geniais foram alguns inventos e descobertas. Escrevo isso depois de quedar-me boquiaberto diante da engenhosidade de um (já aos nossos olhos primitivo) abridor de latas. Isso porque precisei de um. Que simples, que inteligente, que preciosa invenção. Segundo relatos, o primeiro abridor de latas inventado parecia uma cruza de baioneta com foice e data da segunda metade do século XIX. O abridor, tal como se conhece hoje, é criação do americano William Lyman, patenteada em 1870.
Tenho pela máquina de escrever – um invento, assim como o abridor, ultrapassado – um carinho de jornalista aposentado. Guardo comigo uma Olivetti Lettera 32, com a qual escrevi algumas de minhas primeiras letras de canções. Meus filhos olham para ela como se houvesse sido retirada do acervo do homem de Neanderthal. Mas a máquina de escrever não é uma invenção tão antiga quanto o advento do computador pessoal a fez parecer. Sua primeira patente data do século XVIII e foi concedida ao inventor Henry Mill. Um século depois, o projeto de Mill foi aperfeiçoado, mas as tentativas, segundo consta, estavam mais próximas de um piano que de uma máquina de escrever. Sua autoria passa a ser disputada por inventores americanos, franceses e até um brasileiro, o padre paraibano Francisco João de Azevedo, que, conta a lenda, teve sua patente roubada por três inventores americanos, que a teriam apresentado à firma Remington, fabricante de armas. Daí por diante a história é imaginável.
A correria tecnológica transformou muito rapidamente em obsoletos objetos relativamente modernos – basta ver a primeira geração de celulares, parecem apetrechos medievais. Monitores compactos e de tela plana fazem os antigos monitores parecerem fogões a lenha. Assim é também com as máquinas fotográficas anteriores ao advento das digitais. Curioso é que, no mesmo ritmo em que as engenhocas evoluem freneticamente, uma certa “febre vintage” assola a humanidade. Nunca se viu tantos “produtos” a replicar modelos antigos – desde carros até geladeiras, instrumentos musicais, roupas, móveis, acessórios de moda e o diabo a quatro. Talvez isso possa ser explicado por uma espécie de nostalgia atávica da raça humana, eternamente dividida entre o ímpeto com que avança para o futuro e a saudade vã com que olha para o passado.
Assim como as invenções fantásticas, algumas das quais mencionei acima, há outras que são verdadeiras invenções do diabo. A expressão “invenção do diabo” faz presumir que o diabo vive a criar coisas para atormentar-nos, pobres mortais. Isso me leva a deduzir que é engenhoso então o coisa-ruim em seus inventos, tamanho o inferno que causam em nossas vidas.
Citarei algumas de minha (não) predileção, mas a lista pode ser fartamente aumentada: pires com o buraco da xícara fora do centro – para quê, me pergunto, já que a função do pires seria enquadrar a xícara?...; etiquetas de bagagem de mão, que antes, bem antes do embarque você já terá deixado cair distraído enquanto toma um café; chaves de hotel magnéticas, que fatalmente estarão desmagnetizadas quando você voltar às duas da manhã, cansado, com sono e dois degraus acima da normalidade; talher de peixe (uma inutilidade completa) e as famigeradas janelas persianas, aquelas de enrolar, certamente criadas por algum demônio persa com a finalidade de testar a santa paciência dos cristãos.
P.S.: Para não destoar, nesta época de salamaleques de virada de ano, quero desejar a todos um ano menos febril, no sentido veloz-cotidiano da palavra, e mais febril, no sentido apaixonado que ela carrega.
Zeca Baleiro (Cantor e Compositor – Colunista Mensal/Isto É)
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Impecável essa...
– Eu mato fácil...
E eu preocupada com a forma como um dos personagens do meu livro irá morrer, apesar da idade avançada torná-lo propenso a dita passagem.
Uma sugestão sua, pesquisar no livro 'Incidente em Antares' do Érico Veríssimo. Nossa...
domingo, 10 de janeiro de 2010
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Reparei que a poeira se misturava às nuvens
Reparei que a poeira se misturava às nuvens,
e, sem pôr o ouvido na terra, senti a pressa dos que chegavam.
Disse-me de repente: "Eis que o tropel avança".
Mas todos me olhavam como surdos,
e deixavam-me sem responder nada.
Vi as nuvens tornarem-se vermelhas
e repeti: "Eis que os incêndios se aproximam".
(Mas não havia mais interlocutores.)
"Eles vêm, eles não podem deixar de vir",
balbuciei para a solidão, para o ermo.
E já por detrás dos montes subiam chamas altas;
ou eram estandartes ou eram labaredas.
Perguntei: "Que me vale ter casa, parentes, vida?
Sou a terra que estremece? ou a multidão que avança?
Ó solidão minha, ó limites da criatura!
Meu nome está em mim? no passado ou no futuro?
Ninguém responde. E o fogo avança para meu pequeno enigma".
Apenas um anjo negro entreabriu seus lábios,
verdadeiramente como um botão de rosa.
"Death"
DEATH?
Por que me falas nesse idioma? perguntei-lhe, sonhando.
Em qualquer língua se entende essa palavra.
Sem qualquer língua.
O sangue sabe-o.
Uma inteligência esparsa aprende
esse convite inadiável.
Búzios somos, moendo a vida inteira
essa música incessante.
Morte, morte.
Levamos toda a vida morrendo em surdina.
No trabalho, no amor, acordados, em sonho.
A vida é a vigilância da morte,
até que o seu fogo veemente nos consuma
sem a consumir.
(Poesias completas de Cecília Meireles)
Revolução da Alma
Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue sua alegria, sua paz sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém. Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.
A razão da sua vida é você mesmo. A tua paz interior é a tua meta de vida, quando sentires um vazio na alma, quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remete teu pensamento para os teus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe em você. Pare de colocar sua felicidade cada dia mais distante de você.
Não coloque o objetivo longe demais de suas mãos, abrace os que estão ao seu alcance hoje. Se andas desesperado por problemas financeiros, amorosos, ou de relacionamentos familiares, busca em teu interior a resposta para acalmar-te, você é reflexo do que pensas diariamente. Pare de pensar mal de você mesmo(a), e seja seu melhor amigo(a) sempre.
Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então abra um sorriso para aprovar o mundo que te quer oferecer o melhor.
Com um sorriso no rosto as pessoas terão as melhores impressões de você, e você estará afirmando para você mesmo que está "pronto“ para ser feliz.
Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar a felicidade sem esforços. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda.
Critique menos, trabalhe mais. E, não se esqueça nunca de agradecer.
Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento, inclusive a dor. Nossa compreensão do universo, ainda é muito pequena para julgar o que quer que seja na nossa vida.
A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.
Intemporalidades de Aristóteles
Quem sou eu
- Ana Cláudia Azeredo
- Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
- No momento, sou uma citação do Mario Quintana: "A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa, como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo. Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali... Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"