Escreve-se, repete-se, cria-se, cita-se. Nas palavras de Nietzsche, funciona mais ou menos assim: “A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez”. Dessa forma é o Poucas e Tantas, um pouco de tudo, muitas coisas repetidas, outras inéditas (ou não tão inéditas), algumas curiosidades...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

“No final das contas, porém, talvez todos devamos parar de tentar retribuir às pessoas deste mundo que apóiam nossas vidas. No final das contas, talvez seja mais sábio se render à milagrosa abrangência da generosidade humana e simplesmente continuar dizendo obrigada, para sempre e com sinceridade, enquanto tivermos voz.”

Elizabeth Gilbert – Comer, Amar, Rezar

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mais uma vez Cecília...

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia…
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz…
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis… mas não quero mais…

Para que não se perca...


"De resto, que importa bendizer ou maldizer a vida? Afortunada ou dolorosa, fecunda ou vã, ela tem de ser vida. Loucos aqueles que, para a atravessar, se embrulham desde logo em pesados véus de tristeza e desilusão, de sorte que na sua estrada tudo lhe seja negrume, não só as léguas realmente escuras, mas mesmo aquelas em que cintila um sol amável. Na terra tudo vive – e só o homem sente a dor e a desilusão da vida. E tanto mais as sente, quanto mais alarga e acumula a obra dessa inteligência que o torna homem, e que o separa da restante natureza, impensante e inerte. É no máximo de civilização que ele experimenta o máximo de tédio. A sapiência, portanto, está em recuar até esse honesto mínimo de civilização, que consiste em ter um teto de colmo, uma leira de terra e o grão para nela semear. Em resumo, para reaver a felicidade, é necessário regressar ao Paraíso – e ficar lá, quieto, na sua folha de vinha, inteiramente desguarnecido de civilização, contemplando o anho aos saltos entre o tomilho, e sem procurar, nem com o desejo, a árvore funesta da Ciência!
(...)
A chuva de abril secara: os telhados remotos da cidade negrejavam sobre um poente de carmesim e ouro. E, através das ruas mais frescas, eu ia pensando que este nosso magnífico século XIX se assemelharia, um dia, àquele Jasmineiro abandonado e que outros homens, com uma certeza mais pura do que é a Vida e a Felicidade, dariam, como eu, com o pé no lixo da supercivilização e, como eu, ririam alegremente da grande ilusão que findara, inútil e coberta de ferrugem."
Civilização – Eça de queirós

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A idade e a mudança...


Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...

Lya Luft

domingo, 8 de novembro de 2009

Para que "eu" não me perca...

Uma capricorniana começando a se conhecer melhor e ficando cada vez mais assustada. O meu “eu” que o mundo exterior vê e o modo como me expresso na verdade é uma máscara definida pelo meu signo ascendente (Áries).

Um dos sentidos de Áries diz que a primavera faz brotar a vida a partir da aridez gélida do inverno. Então eu cito a Primavera de Cecília Meirelles (talvez eu seja redimida):
“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.” (...) Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.”
Talvez seja a hora da renovação, preciso dar uma oportunidade a minha natureza para refletir, deixando pra trás o inverno sombrio e recuperando, através do tempo perdido, as transformações que a primavera trás.

- Seu elemento é o fogo, e de todas as formas de fogo a que mais os define é a explosão. Podem de um momento para outro enamorarem-se de uma idéia, um objeto, ou pessoa, e tomam-se de paixão. Despenderão em pouco tempo uma energia enorme neste objetivo, muito mais do que qualquer outro signo conseguiria.
De dois anos para cá, eu decidi (inconscientemente) não deixar nada pela metade e ir até o fim, embora meus planos se renovem constantemente e tenha que fazer um esforço sobre-humano para concretizá-los.

- Tal como a criança, podem parecer muito mimados, por quererem tudo primeiro para si. Eu, eu e eu será a frase final com que procurarão encerrar muitas das discussões que os desagradam.
Procuro repetir todos os dias: “Você não é o centro do mundo, muito menos das atenções. O mundo só gira ao meu redor quando bebo demais..."

- Esta ambivalência do carneiro, entre o poder criativo e destruidor, sufoca cronicamente os nativos deste signo, que precisam mais do que qualquer um aprender a dosar o duplo aspecto de sua personalidade para que a explosão que por dentro os consome não se torne um mero fogo de palha. Na verdade, o grande dilema destes indivíduos é justamente finalizar o que começaram.
Contradição? Eu quero, eu posso, eu desejo... Eu vou conseguir!!!

A grande questão:


Nas representações de forças, ações e poderes qual dos signos, Capricórnio e Áries, poderão predominar se eu levar em consideração que simbolizavam a necessidade de manter e abrir um espaço e que ambos os chifres são mais do que meras partes animais?

Quem sou eu

Minha foto
Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
No momento, sou uma citação do Mario Quintana: "A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa, como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo. Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali... Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"

O Poucas e Tantas recomenda

Ecoblogs